The second in our series translating Global Environment‘s abstracts into languages other than English. Translation of the abstracts for the recent Special Issue edited by Christian Kehrt and John Martin, Reconfiguring Nature. Resource Security and the Limits of Expert Knowledge GE 13.3 (Autumn 2020), by Talitta Reitz, assisted by Sandro Dutra, whom we thank very much.

Introdução. Reconfigurando a natureza: Abastecimento de recursos e os limites do conhecimento especializado
Christian Kehrt e John Martin
O objetivo central desta edição especial é explorar o papel do conhecimento especializado, na maneira como os países têm buscado garantir um fornecimento contínuo de recursos naturais para a alimentação e abastecimento dos processos de industrialização. Com base em estudos de caso, os trabalhos ilustram a forma como a competição por recursos naturais afeta profundamente não apenas os países do Norte Global, beneficiários desses recursos, mas também as populações dos países no Sul Global, de onde os recursos são extraídos.
palavras-chave: especialista, abastecimento de recursos, natureza, conhecimento, Sul Global
Pastagem bovina como uma forma tradicional de uso da floresta e conflitos entre camponeses e administração florestal durante o longo século XIX (o caso da Floresta Pristina de Białowieza)
Anastasia Fedotova e Elena Korchmina
O artigo trata de um dos principais recursos para os camponeses do Leste Europeu, que são as pastagens florestais.Baseados em novo material arquivístico, demonstramos que comunidades camponesas, no espírito de James Scott, consistentemente sabotaram os esforços do Estado para proibir o pastoreio pecuário nas florestas. O Estado, durante o longo século XIX, fortaleceu seu controle sobre muitos aspectos da vida econômica da aldeia, o que gradualmente agravou os conflitos dos camponeses com a administração florestal. Aplicamos uma abordagem de estudo de caso para investigar as relações entre camponeses e a administração local e metropolitana na Floresta de Białowieża.
Uma característica singular da Floresta Białowieża é o seu longo e contínuo histórico de eficazes medidas protecionistas, o que facilitou a descoberta de fontes sobre este assunto. Nossa pesquisa revela a motivação na luta pelo controle dos recursos florestais entre os camponeses e a administração, especialistas em silvicultura “racional”. Durante o longo século XIX, os camponeses utilizaram todos os meios de resistência à sua disposição: petições a autoridades em todos os níveis, sabotagem de ordens administrativas, subornos a equipes florestais e violação direta de ordens. Tais conflitos, que perduraram por muitas décadas, demonstram que comunidades camponesas seguiam apenas parcialmente as regras introduzidas pela administração pública, que tentava mudar os princípios do manejo florestal, tornando as florestas mais lucrativas e ‘racionais’, do ponto de vista de especialistas da época. A administração gastou recursos significativos no controle de pastagens florestais, mas obteve resultados muito modestos, tanto em termos de redução do rebanho bovino na floresta, quanto em termos de cobrança de indenização por danos causados por ungulados. As mudanças mais importantes ocorreram na segunda metade do século XIX até o início do século XX e foram associadas ao controle mais consistente e estrito sobre os recursos florestais tradicionais, especialmente durante o final do período do apanágio (1889–1915). Se considerarmos a reação da administração às petições camponesas relacionadas às pastagens florestais, encontramos simpatia e reações positivas, tanto a nível provincial como ministerial. Obviamente, essa tolerância estava ligada tanto à falta de pasto e forragem, quanto aos gerais sentimentos paternalistas do governo russo. A administração não tentou aumentar a receita das pastagens florestais, mas “acostumar” os camponeses à ideia de que as florestas não eram públicas, mas sim privadas, propriedade estatal ou de apanágio.
palavras-chave: recursos naturais, Europa Oriental, longo século XIX, pastagens florestais, rebanho bovino, camponeses, império russo
O poder transformador da tecnologia europeia na exploração de recursos: reflexões sobre as prensas de óleo e ferrovias da Nigéria colonial
Nkemjika Chimee
As inovações tecnológicas, que no século XIX foram desenvolvidas principalmente por nações europeias, foram fator crucial na transformação de economias – não apenas as dos países onde se originaram, mas também as de suas colônias. Este estudo de caso da Nigéria explora a maneira como os britânicos controlavam a colônia e subjugavam a população local como resultado de sua tecnologia superior. Ao tomar controle sob o território, para incentivar o desenvolvimento econômico do país, eles começaram a construir linhas férreas para conectar as principais zonas de recursos do norte e do sul. Isso facilitou o envio mais eficiente de recursos naturais dessas zonas para os portos costeiros para posterior envio à Grã-Bretanha. A introdução de prensas de óleo transformou as prroduções indígenas e a extração do óleo de palma . O artigo examina o impacto transformador da tecnologia na exploração de recursos, focando especificamente em ferrovias e prensas de óleo e seu impacto na sociedade nigeriana.
palavras-chave: transformador, tecnologia, recurso, exploração, Nigéria
O papel do nitrogênio na transformação da produtividade agrícola britânica antes e durante a Primeira Guerra Mundial
John Martin
Este artigo explora as razões pelas quais as fontes artificiais ou minerais de nitrogênio, mais prontamente disponíveis na Grã-Bretanha do que em outros países europeus, foram adotadas, apenas lentamente, por agricultores nas décadas anteriores e durante a Primeira Guerra Mundial. O texto procura considerar as razões pelas quais o nitrogênio, na forma de sulfato de amônia, um subproduto da fabricação de gás de carvão (gás de cidade), foi gradualmente exportado da Grã-Bretanha para uso de agricultores alemães. Ao mesmo tempo, a Grã-Bretanha tentava monopolizar o fornecimento estrangeiro de nitrato chileno, que não apenas era uma fonte valiosa de fertilizante para a agricultura, mas também um ingrediente essencial para a produção de munições. O artigo também investiga as razões pelas quais o sulfato de amônia não foi mais amplamente utilizado para aumentar a produção agrícola durante a Primeira Guerra Mundial, numa época em que a escassez de alimentos representava uma grande ameaça à moral pública e ao compromisso com o esforço de guerra.
palavras-chave: nitrogênio, agricultura, agricultores, Primeira Guerra Mundial, conhecimento científico
Construindo hidrossocialismo na Checoslováquia
Jiří Janáč
Durante o período do socialismo de Estado, a água era vista como um instrumento de imenso poder transformador, e os especialistas em água eram vistos como guardiões dessa transformação, para a qual cunhamos o termo “hidrossocialismo”. A reconfiguração da água, um escasso e vital recurso natural, foi em grande medida identificada com mudanças sociais e a almejada transição para a sociedade socialista e eventualmente comunista.
Enquanto no Ocidente, os especialistas em engenharia hidráulica (hidrocratas) e a visão de uma “missão civilizadora” da gestão da água (missão hidráulica) gradualmente desapareceram com o chegada da modernidade reflexiva a partir dos anos 1960, na Tchecoslováquia socialista a situação
Era diferente. Apesar do fato de terem enfrentado desafios semelhantes (questões ambientais, economização), o caráter tecnocrático do socialismo de estado permitiu que os engenheiros hidráulicos socialistas garantissem sua posição e crença nos poderes transformadores da água.
palavras-chave: Hidroeletricidade, Guerra Fria, Checoslováquia, Socialismo de Estado, água
Krill: A invenção de um recurso global na longa década de 1970
Christian Kehrt
O Krill, um pequeno camarão mais conhecido como fonte de alimento para baleias e focas, ocupa um papel central na cadeia alimentar dos oceanos. Na década de 1970, ele ganhou crescente atenção como potencial fonte de alimento, também para humanos. Com suas quantidades supostamente inesgotáveis de biomassa, o krill antártico (Euphausia superba) parecia ser uma alternativa viável aos peixes cujas populações vinham sofrendo com pesca excessiva, prometendo fornecer proteína suficiente para uma crescente população mundial, em um momento em que os limites para o crescimento eram uma questão de grande preocupação política. O Krill é um objeto chave que reúne diferentes atores da ciência, política e indústria em uma luta global por recursos vivos. Havia muitas questões científicas e especialmente técnicas a serem resolvidas em relação à colheitae processamento do krill, abordadas neste artigo. O nosso argumento é que existiam limites, tanto biológicos quanto culturais, para essas abrangentes visões tecnocráticas, que não foram totalmente levados em consideração pelos especialistas em recursos pesqueirosna década de 1970.
palavras-chave: recursos vivos, especialistas, alimentos, pescas globais, anos 1970